A heroína, o opiáceo mais potente e mais utilizado como droga, é o único derivado do ópio que não costuma ser utilizado como medicamento. Na maioria dos casos, a heroína é adquirida sob a forma de um pó castanho, que os consumidores diluem e injectam por via intravenosa, pois desta forma os efeitos da droga, para além de se manifestarem de forma mais rápida, são mais intensos. De qualquer modo, como esta via de administração costuma ser bastante perigosa, muitos consumidores preferem inalá-la ou absorver pela boca o fumo resultante da sua combustão.
Dado que a heroína é uma substância tóxica, a sua administração provoca uma intoxicação aguda. Em doses reduzidas, a intoxicação manifesta-se inicialmente por uma profunda sensação de bem-estar; contudo, à medida que a frequência cardíaca e a temperatura corporal vão diminuindo, esta sensação transforma-se em apatia, isolamento, sonolência e letargia. Em doses elevadas os efeitos são mais intensos, podendo levar a uma intoxicação grave que conduz ao estado de coma, paragem cardíaca e morte.
A maioria dos opiáceos, sobretudo ópio, morfina e heroína, reúnem todas as características comuns às drogas, pois têm a capacidade de provocar dependência psíquica, física e tolerância, o que obriga o consumidor a administrar doses cada vez mais elevadas para conseguir os mesmos efeitos, enquanto que a interrupção da sua administração provoca uma dolorosa e prolongada síndrome de abstinência.
A dependência da heroína é muito mais frequente entre os jovens do que entre os adultos. O seu consumo era tradicionalmente mais elevado entre as classes sociais mais desfavorecidas, mas o facto de se consumir a droga através de cigarros ou por inalação fez com que o seu consumo se estendesse a todas as classes sociais.
A maioria dos jovens que costumam recorrer ao consumo de heroína com o intuito de encontrar sensações "diferentes" e "intensas", que lhes permitam fugir à realidade, apresentam antecedentes no consumo e dependência de outras drogas, nomeadamente derivados do álcool e do cânhamo. De qualquer forma, uma das características mais importantes da heroína é a rapidez com que se estabelece a dependência.
Na grande maioria dos casos, as propriedades intrínsecas da droga fazem com que a sua evolução e as manifestações da dependência se produzam de forma relativamente rápida. O consumo regular de heroína durante um determinado período de tempo costuma provocar uma intoxicação crónica que se caracteriza por perda de apetite e peso, obstipação, falta de motivação e tendência para a inactividade, perda de memória, dificuldades de atenção e concentração, falta de desejo sexual, dificuldade na erecção e potência sexual e perturbações dos ciclos menstruais.
Para além disso, caso a droga seja administrada por via intravenosa, costuma originar complicações infecciosas, como hepatite, SIDA e infecções nas zonas em que a droga é injectada. Este tipo de complicações costuma ser provocado pela falta de higiene por parte dos indivíduos enquanto administram a droga, pois costumam utilizar seringas já usadas, partilhando-as entre si.
Por outro lado, como a heroína é uma substância que se costuma adquirir ilegalmente, na grande maioria dos casos, não é vendida no seu estado puro, podendo estar misturada com outras substâncias tóxicas, como a estricnina. De facto, os consumidores não costumam conhecer com precisão a composição do produto que adquirem, o que pode ser extremamente perigoso para os toxicodependentes que a administram por via intravenosa, já que dão origem a graves intoxicações e à morte por overdose de heroína e de outras substâncias tóxicas.
Por fim, na grande maioria dos casos, os toxicodependentes vêem-se obrigados a tornarem-se vendedores de droga, a prostituírem-se ou a cometerem qualquer tipo de crime para poderem pagar o elevado custo da heroína, o que, independentemente das razões, provoca conflitos cada vez mais graves nos seus ambientes familiares, sociais e profissionais.